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B) Apreciação sucinta de alguns livros sobre o tema Positivismo e Augusto Comte

Introdução:

Tendo em vista o grande número de equívocos na interpretação do Positivismo, julgamos de bom alvitre apresentar aqui alguns breves comentários a respeito de certos livros que se propuseram expor a Doutrina Positivista.

Ao lado da apreciação negativa que tivemos de realizar a bem da verdade, tivemos o cuidado especial de apresentar o que há de aproveitável em cada um deles, mesmo quando se tratou de revelar os mais flagrantes erros que enceraram.

Com efeito, para nós que estamos já acostumados ao que o Positivismo é, fica por vezes difícil imaginar até que ponto pode uma Doutrina ser distorcida e adulterada pela ignorância combinada à simploriedade, unida por vezes ao orgulho, a vaidade e a pedantocracia.

E seria tão doentio como artificial se tivessem nós mesmos de fingir que nós estaríamos colocando-nos no ponto de vista de nossos opositores para refutarmo-nos a nós mesmos.

Assim bem apreciadas segundo um espirito verdadeiramente construtivo, estas obras servem-nos não só, como um exercício de contra-argumentação, que põe à prova a nossa própria capacidade de assimilação do Positivismo, como também elas nos servem para que tenhamos uma idéia bem nítida do tipo real de preconceito, que precisaremos enfrentar pelo nosso caminho.

 

Revela-nos ainda estes textos a estrutura fundamental do raciocínio humano quando discute inspirado pelos instintos egoístas sobretudo o destruidor, o orgulho e a vaidade, fornecendo-nos assim um elemento precioso de material patológico à prática da propaganda Positivista.

Vamos aos Livros e Autores:

1) O Sacerdote Jesuíta Alemão Hermann Gruber :

Primeiramente vamos nos reportar ao século passado, quando Miguel Lemos, o primeiro Apóstolo Sistemático do Positivismo no Brasil, em uma de suas circulares anuais analisa o então recém publicado livro August Comte - Der Begrunder Des Positivismus Sein Leben Und Seine Leher ( Augusto Comte- O Fundador do Positivismo sua Vida e sua Doutrina) - Hermann Gruber, Sacerdote Jesuíta Alemão, cujo o texto desta análise segue abaixo:

" Epítome esse consciencioso da Doutrina e da Vida de Augusto Comte, que deixou muito aquém de si, todas as pretendidas exposições do Positivismo oriundas de escritores católicos e destinadas as refutar uma doutrina que eles nem se quer conseguiram conhecer suficientemente. O Padre Gruber fez louváveis esforços para apresentar um apanhado fiel e completo, embora sumário , do duplo assunto do seu livro. Reconhece com lealdade o nenhum fundamento das criticas formuladas por E. Littré e Stuart Mill contra a parte política e religiosa do Positivismo sob o pretexto de que ela está em contradição com a sua base filosófica . Acredito que esta obra , se fosse traduzida para o francês, poderia prestar grande serviços , despertando no mundo católico, vistas mais simpáticas e mesmo determinando neste meio adesões por parte dos leitores capazes de chegarem por si mesmos à conclusões opostas às negativas do Jesuíta Alemão. (Nota*). Tais Conclusões negativas, não são as que eram de esperar de um relator tão bem informado. Apesar dos elogios que dispensa ao saber que à virtude de August o Comte, o autor persiste, como seus predecessores, em classificar o Positivismo entre os produtos funestos do materialismo ímpio de nossa época, e contenta-se com afirmar sem provas a superioridade do Catolicismo.

(Nota*) = Já existe uma tradução francesa deste livro

2) A Questão Émile Littré - O Discípulo Mórbido, na Afetividade e no Caráter.

Litrré rejeitou as conclusões religiosas e políticas do Positivismo, pretendendo ficar apenas com as suas premissas, mas como não podia deixar de ser, falhou neste mister, visto como se viu forçado a descartar todas as teorias científicas mais diretamente ligadas à edificação da Religião da Humanidade ou Doutrina Positivista; rejeitou assim os aperfeiçoamentos que Augusto Comte imprimiu à Doutrina de Gall ; o Método Subjetivo a supremacia do Sentimento sobre a Inteligência e sobre o Caráter ( donde a supremacia da arte sobre a ciência , e da Mulher sobre o Homem ); a Moral Positiva como ciência distinta da Biologia; e enfim , Littré rejeitou os limites morais que precisam prevalecer para que a ciência não descambe em pesquisas e lucubrações estéreis e nocivas .

Não obstante tantas e tamanhas dissidências, Littré considerava-se um discípulo de Augusto Comte, embora houvesse sido repelido totalmente pelo Mestre. Pois a sua emancipação teologico-metafísica jamais fora completa , como o prova o seu retorno ao Catolicismo. Não é nenhum demérito, apenas revela uma profunda fragilidade de caráter e de convicções.

A este cientificismo míope Littré chamou " Verdadeiro Positivismo" , e ao Positivismo de Augusto Comte ele se refere como uma especulação de caráter místico , proveniente de um desequilíbrio cerebral determinado por sua paixão por Clotilde de Vaux.

Quem criou um desequilíbrio cerebral em Augusto Comte, foi a sua ex-mulher, Carolina Massin, mulher frívola, que desejava fazer de Agusto Comte, um homem de projeção acadêmica, afim de utilizá-lo para obter mais recursos financeiros, para os seus gastos, pois sua origem moral foi a mais tenebrosa possível, tendo sido prostituída pela própria mãe; mais tarde veio se unir com o próprio Littré, para tentar em juízo a destruição do acervo religioso, de Augusto Comte ainda não publicado. Que contava com centenas de cartas.

Augusto Comte conheceu Clotilde de Vaux muitos anos depois que Carolina Massin , pela última vez se retirou-se do Lar. Mas ele jamais deixou de dar uma pensão, que após a sua morte ficou a cargo dos executores testamenteiros.

Foi este pseudo positivismo, propagado por Littré, que ficou associado sobre tudo nos meios acadêmicos ao nome de Augusto Comte .

Foi assim que, a Síntese Subjetiva tornou-se alvo de criticas, que não só não lhe dizem nenhum respeito, como trata-se de criticas, que ela própria foi o primeiro sistema filosófico a formular diretamente .

O único mérito relativo do livro de Littré , foi o de evidenciar que a Filosofia Positiva não pode ser considerada um prosseguimento da Doutrina Industrialista do Conde Henri de Saint-Simon; mas este mesmo trabalho, realizado por Litrré , foi desenvolvido de modo superior, sobre todos os aspectos, pelo discípulo direto de Augusto Comte, o Dr. Eugène Robinet em Paris e Raymundo Teixeira Mendes , no Brasil ; o primeiro , em uma obra biográfica sobre Augusto Comte; o segundo, em dois grosso volumes, confrontando texto a texto as obras de Augusto Comte e de Saint-Simon .

3 ) O Livro - Os Grandes Sonhos da Humanidade do Jornalista René Fullop Miller - USA

Este livro faz um resumo romanceado da vida de Augusto Comte; onde condena a Religião da Humanidade, isto é, a Doutrina Positivista, como a obra de um louco. No entanto este autor imbuído da formação de base em um sistema de plena efervescência do Capitalismo, onde os sentimentos humanos altruístas são relegados a um plano totalmente subalterno ao Egoísmo, destituindo deste cidadão a total capacidade dele perceber que o Ser humano é, queira ele ou não, formado primeiramente de Sentimento que deva maximizar o altruísmo, que gera a formação estável da Sociedade.Na época que ele escreveu este livro, devido ao conflito militar, havia a constante propaganda de se esquecer os sentimentos de paz , maximizando os instintos destruidor, com a aplicabilidade da inteligência e a ação. Não estamos aqui discutindo o mérito ou não da segunda grande guerra mundial. Este livro foi escrito durante a segunda Grande Guerra Mundial, e reflete bem um tipo de desespero, que se erige em sistema filosófico que tenta solapar de todas as formas as expectativas de um futuro melhor para o conjunto da espécie humana. É todavia um livro recomendável para todos quanto se encontrem já libertados do ceticismo , na procura de uma doutrina não teológica; para estes, tal leitura representará com certeza um verdadeiro estimulo, visto como saberão instintivamente considerar muito mais as intenções que propriamente os resultados práticos dos inúmeros projetos e tentativas abortadas de reconstrução social, que o autor descreve com uma excelente profusão de dados interessantes. No entanto pecou profundamente em Chamar Augusto Comte de louco.

Quem dera que o Mundo todo fosse composto de gente com o mesmo tipo de "loucura" de Augusto Comte. Todo Ser Humano extremamente Egoísta jamais perceberá profundamente a grandeza desta Doutrina.

4) Doutrina contra Doutrina ou O Positivismo e o Evolucionismo no Brasil.

O Objetivo do autor, Sylvio Romero, foi procurar contrapor o Positivismo de Augusto Comte ao evolucionismo do filosofo Inglês Herbert Spencer; mas o autor se serve basicamente das idéias de E. Littré , como se estas representassem o verdadeiro Positivismo. Por vezes o autor cai numa desoladora agonia pessimista, o que não é de estranhar visto como isto não é, se não a derradeira conclusão de qualquer filosofia erguida sobre bases egoístas. É , na verdade um libelo cheio de azedume e sobre tudo repleto daquele tipo de desconfiança, que faz ver em tudo, uma segunda intenção sórdida, maquiavélica; desconfiança esta com a qual ninguém consegue jamais aprender coisa alguma.

Neste livro, fica bem claro, que o autor não conseguiu uma analise filosófica equilibrada - Sine ira ac studio , como o autor se propôs inicialmente, no entanto o inverso ocorreu, deixando-se dominar pelo seu espirito irritadiço e exacerbado, do seu comportamento egoístico, que o conduziu a uma espécie de delírio de perseguição.

Fato curioso nesta leitura é que, para tentar diminuir o valor filosófico de Augusto Comte, o autor mostra exemplos de outros pensadores, cujas conclusões muito se aproximaram do Positivismo. Ora, tal expediente só vem revelar ainda mais o caráter científico da Filosofia Positiva; evidenciando que ela não corresponde a nenhuma invencionice cerebrina, mas à constatações acessíveis a outras pessoas que também tenham se dedicado ao mesmo gênero de assunto.

Sem querer, este autor acaba com isto auxiliando os Positivistas genuinamente Contistas, facilitando o trabalho de exemplificação, ou de coleta de exemplos. Trabalho este especialmente sugerido na época por Augusto Comte.

Ao contrario de vários sistemas de pensamento cuja maior ambição é poderem dizer-se originais, o Positivismo estabelece um principio capital que caracteriza a suas construções:

Toda sistematização verdadeira deve ser precedida de concepções expontâneas, em relação as quais tal sistematização não se afigura senão como a expressão mais bem acabada de tudo quanto o conjunto do passado humano nos legou.

" Os vivos são sempre cada vez mais comandados pelos mortos"

5) Noções de História da Filosofia; O Problema de Deus; Por que Existem Homens que não Crêem em Deus?

 

O autor destes três livros acima, o Sacerdote Jesuíta Leonel Franca, fundador da PUC-Rio, confunde a todo o momento o Positivismo e o Materialismo; mas percebe-se ainda mais claramente sua incompreensão radical, pelo modo contraditório com que simultaneamente considera a Religião da Humanidade- Doutrina Positivista; ora supondo que ela corresponda à um retorno a teologia, ora vislumbrando que ela rejeita o sobrenatural; O Sacerdote Leonel Franca sem desfazer o seu alto valor intelectual, dá a intender que Augusto Comte, teria caído numa espécie de arapuca lógica, armada diretamente contra ele pelo próprio Deus, com a finalidade de esclarecer aos homens que até mesmo pelos caminhos tortos do ateísmo se acaba chegando ao sobrenatural, isto é, na teologia.

O Sacerdote Leonel Franca, supõe que a perspectiva anti-teologica de Augusto Comte teve por origem o orgulho e chegou mesmo a imaginar que se ele tivesse vivido mais tempo acabaria por retornar ao catolicismo de onde saíra; tal convicção provavelmente inspira-se no que ocorreu à Littré , que de fato morreu Católico ; o mesmo ocorrendo com Tobias Barreto de Meneses filósofo materialista, poeta, advogado e professor de Direito em Sergipe, que também morreu católico.

Digna da máxima consideração, é a forma com que o Sacerdote Leonel Franca soube apesar de tudo, reconhecer o mérito de Augusto Comte como interprete do elevado papel histórico da Idade Média, não considerando-a como todos os demais pensadores emancipados, como "A Noite de Mil Anos" em seu apêndice da Historia da Filosofia, onde trata particularmente da Filosofia no Brasil, é também digna do mais alto respeito e admiração, a forma com que o Sacerdote Leonel Franca trata da ação apostólica de Miguel Lemos e Teixeira Mendes, aos quais atribui uma dedicação fabulosa e rara entre nós brasileiros.

 

6) La Philosophie - De Kant à Husserl - 1979

Les Nouvelles Editions Marabout - Paris - France

História da Filosofia - Volume 3 - Direção de François Châtelet .

Capítulo sobre o Positivismo - René Verdenal .

Traduzido para o Português - Publicações Dom Quixote, Ltda - Lisboa

O capítulo referente à Filosofia Positiva de Augusto Comte é um apanhado amorfo de todos os preconceitos da burguesia universitária até hoje vigente, que pairam sobre o Positivismo. Indicamos sua leitura para os que desejem ter uma boa idéia do que o Positivismo não é.

A tradução é precária e o texto totalmente descuidado; parece ter sido feito com a pressa peculiar de quem escreve sobre encomenda ao ritmo do turbo-capitalismo existente.

Reproduz inverdades acerca da Vida e da Obra de Augusto Comte :

Abaixo comentaremos algumas sobre a sua Vida :

a) "Comte foi possuído pela sua vocação de pensador e de reformador ao ponto de vir a entronizar-se como "Papa" da Humanidade, não teve de fazer esforços para isto" - pag 88- primeiro parágrafo

Grande inverdade: não partiu dele a iniciativa de se denominar Sumo Pontífice da Humanidade; foi a partir da carta de um discípulo a referir-se a ele em termos de Autoridade Suprema de uma Religião, que Augusto Comte por Ter caráter forte, se encorajou a assinar o seu nome seguido do titulo de Sumo Pontífice da Humanidade, que não há dúvida por merecer.

b) "Constantemente inquieto com a sua segurança material".pag 88-segundo parágrafo.

Por viver dedicado tempo integral à elaboração de sua obra filosófica, não tinha tempo de se dedicar , a ser empregado de terceiros , para obter recursos materiais para se manter. Como era um homem de brios, deixava as vezes de comer para comprar livros . Os seus discípulos por veneração, colaboravam para que ele se mantivesse sem problemas financeiros. A sua provável inquietude é normal em qualquer ser humano que não sabe o que vai ocorrer no período seguinte no seu fluxo de caixa. Ele não pedia, ele aguardava a compreensão material dos seus discípulos; e diga de passagem foi progressivamente correspondido , por grande parte deles , como o revela a suas circulares anuais, com demonstrativo de suas despesas e dos seus provimentos. O Principal provedor , aquém Augusto Comte chamava " O Meu Digno Patrono" foi o oficial de marinha holandesa Willem de Constant-Rebeckue.

d) " De caráter cada vez mais difícil, separa-se da mulher e rompe com os amigos" pag 290 -

É lamentável este trecho no resumo da Vida de Augusto Comte:

Durante toda a sua carreira de filósofo e reformador social, August Comte entrou em contato epistolar e fraterno com cerca de 40 pessoas das mais variadas origens, proletários, médicos, militares, engenheiros, donas de casa ,homens de letras, políticos, banqueiros, agricultores, patrícios, professores universitários etc., de todos estes, podemos citar apenas quatro rompimentos irrevogáveis; todos plenamente motivados : rompimento com Littré; com Stuart Mill ( muito mais um simples desligamento que propriamente rompimento); com Celestin Blignières- capitão de artilharia; e com Saint Simon.

Desejamos saber quem é que tem 40 amigos que o frequentam constantemente, e que perde somente 4 depois de aproximadadente 26 anos, de labor na sua doutrina.

O caráter dele ser difícil , para aqueles que não o acompanhavam em raciocínios subjetivos, num estado diferencial de muitos anos luz, e como sabia que não tinha muito tempo de vida, não gostava de perder tempo com os já existentes neo-liberais, da época.

Em um trecho de suas confissões anuais, à Clotilde de Vaux, lidas sistematicamente diante da sepultura desta grande mulher, ele se declara gradualmente expurgado de todo azedume decorrente de toda uma serie de problemas que viveu, entre os quais o de caráter de difícil trato ; provando assim a sua humildade, e o desejo de melhorar cada vez mais a sua simpatia.

e) " Inventa para si uma higiene cerebral que lhe proíbe qualquer nova leitura depois dos trinta anos" - pag 88 - segundo parágrafo

Outra crueldade; de fato Augusto Comte , deixou de ler livros de caráter científico, bem como jornais , julgava satisfatória para a sua missão sacerdotal o número de informações cientificas que já havia acumulado até então, por sua surpreendente memória; partiu para um novo gênero de leituras, completando a sua formação eclética, com a aparte das ARTES QUE LHE FALTAVA , em sua formação como cientista matemático; nada mais compreensível; tendo lido um pouco antes de falecer um pretendido resumo do catecismo positivista, escrito por Celestin Blinères, capitão de artilharia, que entre outros defeitos tem o de possui um número maior de paginas do que o livro que pretendeu resumir. A Leitura diária de um capítulo da Imitação de Cristo, escrito por Thomas de Kempis, onde Augusto Comte encontrava um manancial inesgotável das mais profundas verdades sobre os íntimos refolhos do coração humano -sentimentos - é mais uma prova de que jamais teria degenerado em um processo de alienação.

 

Agora baixo comentaremos erros crassos sobre este Livro :

Em virtude de tratar-se de um livro recentemente publicado e com a finalidade de atingir não só o publico universitário, como o grande publico, torna-se necessário uma análise minuciosa de suas afirmativas, conquanto a princípio devesse nos interessar mais o comentário das conclusões contidas nas outras obras acima relacionadas.

1) "Comte quase não é estudado pelos historiadores da filosofia." - pag 87 - primeiro parágrafo.

É um dos mais estudados e menos compreendido. Pois para compreender a Obra de Comte necessitamos ser ecléticos no que tange aos detalhes do Dogma; mas para compreender-lhe o sentido social de seus ideais e a sublimidade de sua Moral difundida nas práticas do Culto e nas prescrições e costumes do Regimen, é preciso uma indispensável dose de Altruísmo, se não nada quase é percebido.

 

2) " O termo positividade apresenta uma temível polissemia; há toda uma névoa acercá-lo: relativo, orgânico, preciso, certo, útil, real, social, prático." pag- 87 - primeiro parágrafo

Comentário: A ordem correta destes atributos, que definem toda e qualquer concepção positiva é : Real, Útil, Certo, Preciso, Orgânico, Relativo e SobretudoSimpático; esta polisssemia longe de tornar vago o conceito de positividade vai progressivamente destacando os aspectos convergentes das nossas concepções , de modo a podermos reuni-las em conjunto, bem como aperfeiçoa-las no que concerne à intensidade de cada um destes sete atributos de per si.

3) " Que leitor não se espanta ao ver as invocações ( de Augusto Comte) ao anjo bem amado Clotilde de Vaux ?" pag 87 - terceiro parágrafo.

Comentário : Um leitor que também teve a mesma felicidade de receber de uma Mulher,este poderoso estímulo à vida virtuosa, isto é, ser amado e amar. Pobres dos que se espantam e só enxergam o sexo.

4) " Imperturbavelmente, Comte mistura exposição dos princípios e querelas pessoais, com toda sua própria vida, mistura os motivos privados e preocupações públicas : depreende-se disto uma impressão de mal-estar como diante de comportamentos patológicos, com os tiques, os acessos de delírios e as alucinações de perseguição." pag 87 - terceiro parágrafo.

Comentário: Esta mistura não é senão a consciência profunda que deve subsistir sempre da unidade que constitui a vida e a obra de um Autor. Ignorar que uma obra filosófica repouse sempre suas mais fundas raízes nos fatos da vida do Autor, é dar prova do mais estreito e alienante excesso de objetivismo. O caráter cientifico de uma obra não está em que o Autor possa, ser abstraído de seu conteúdo; apenas o autor deve poder colocar-se em uma posição pessoal favorável à que os diversos elementos de sua vida estejam coordenados de modo a revelarem um aspecto fundamental da existência e do desenvolvimento do Mundo e do Homem. A ânsia do escritor deste capítulo em classificar Augusto Comte de louco, sem ter lido com certeza toda a sua obra no original, o fez provavelmente baseado em terceiros, cuja as bases estavam destorcidas , levando-o a conclusões ainda mais erradas. Louco que escreveu tudo com harmonia, me parece ser equilibrado , o problema é que Augusto Comte está anos luz à frente, de seus críticos. Se a obra de Augusto Comte é típica de louco, em que hospício encontraremos um doente mental escrevendo obras semelhantes?

5) " Talvez tenha também uma certa vontade de trocar às voltas à história: isto explicaria as flutuações entre o campo republicano e o campo conservador que chegou a dar a impressão de palinódias." pag 89 - parágrafo primeiro

Comentário : Não houve nem flutuação e nem retratação, pelo contrario; o que houve foi uma radical conciliação entre as exigências de ordem social empiricamente pressentidas pelo partido retrógrado, e as exigências de progresso social, empiricamente pressentidas pelo partido revolucionário de tendências anárquicas.

6) "Apercebemo-nos de que esta idéia de ordem é interpretada segundo uma visão conservadora, onde a ordem é um quadro esclerosado, simultaneamente estrutura mental e tipo de organização, oscilando entre a categoria intelectual e a lei das coisas." pag 89 - parágrafo terceiro

Comentário: Primeiro o autor deste livro diz " Simultaneamente", depois diz "oscilando" revela-se assim que a pretendida oscilação encontrada na Obra de Augusto Comte não é senão a projeção de uma oscilação deste próprio autor. Para compreender uma Doutrina como o Positivismo, é preciso colocar-se em uma posição essencialmente conciliatória, em relação a qual conceitos até então tratados como opostos , antagônicos, encontram-se conjugados, irmanados e parceirados; as filosofias revolucionárias que tendem sempre a fazer sobressair e mesmo exagerar os aspectos antitéticos dos conceitos não se acomoda, nesta linha de raciocínio. Se a ordem proposta pelo positivismo fosse de fato esclerosada, Augusto Comte não chagaria sequer a falar em progresso, mas no Positivismo o progresso é a finalidade , o objetivo isto é, BUT e não fin . Aonde há necessidade de grandes desordens, é dentro das universidade burguesas, para sempre estarem fomentando idéias exclusivamente subjetivas, em cima de outras subjetivas, gerando teses cada vez mais esdrúxulas, que nada tem a ver com a realidade objetiva e relativa da vida. Que nos desculpem os Mestres, mas como vivemos às claras, precisamos apontar os fatos, sem com isto denegrir ninguém, visto como ninguém pode ser julgado segundo os critérios de uma doutrina que não conhece.

7) " A ordem é concebida de maneira rígida e coisificada, como o encaixar das peças de num mecanismo.(...) Mede-se na meticulosidade do cerimonial religioso a violência da angústia(sic!) que Comte sente perante a História. A mania de classificação ilustra constantemente a obsessão pela ordem.(...) Pois não tem ele a mania de ensinar e condensar as suas idéias em quadros ?" pag 90 - parágrafo 1/ 2/ e 1 da pag 91.

Comentários: A ordem no Positivismo não é incompatível com o progresso. Vide esclarecimentos maiores no Catecismo Positivista-Quarta Edição Apostólica Brasileira, das páginas 243 à 248 .- Existem assuntos que só se entende e compreende por gráficos e tabelas .

8) " Forçado é verificar a ambigüidade desta sociologia, doutrina programática para o futuro, de tipo meciânico, ou interpretação teórica da sociedade como de fato funciona (deveria ser "funcionaria") . O pensamento de Comte parece muito instável, como num turbilhão cai-se constantemente da sociologia-ciência, na Sociocracia-técnica política ou na Sociolatria (religião)." pag. 100 parágrafo 4 .

Comentário: O Positivismo, ou Religiao da Humanidade é simultaneamente um Culto um Dogma e um Regimen; isto é, uma doutrina completa diferente de todas quanto existem hoje, que isolam estes três domínios, tratando-os como se não houvesse nenhuma ligação direta entre cada uma destas três partes; ou, ainda pior, como se cada uma delas devesse excluir as outras duas. É com tais doutrinas que o autor deste capítulo está acostumado a tratar, sendo, portanto natural que estranhe como possam estar reunidas Um Culto, Um Dogma e Um Regimen, plenamente científicos e totalmente harmonizados, por meio de uma Alma de nenhum cunho teológico e metafísico - e nem exotérico e esotérico. Um pouco menos de preconceito por parte do autor, e ele perceberia logo a plasticidade do Positivismo. Com efeito, não se pode compreender bem cada uma das suas três partes, sem haver compreendido as outras duas. Isto é, o indivíduo necessita compreender as três partes simultaneamente e conhecer as suas interfaces para conceber o Todo.

Onde se lê Sociolatria (religião) , está errado é Sociolatria (Culto).

9) " Nos encontramos perante uma ideologia de que é impossível destrinçar os elementos Moral , Religião, crenças políticas, etc". Pag 101

parágrafo segundo.

Comentário: Se tudo houvesse sido por Augusto Comte tão compartimentalizadinho com esta meticulosidade artificiosa , pueril e isolacionista, nada mais fácil seria que destrinçar estes elementos; o fato disto não ser possível revela que o Positivismo é de fato um Sistema Harmônico de Sentir de Pensar e de Agir , concatenado e coerente, que não bloqueia a criatividade e nem o desenvolvimento, dentro de uma disciplina, contida em um "range", onde a ordem é sempre a base para que ocorra qualquer tipo de progresso.

10) " A Mulher é a sacerdotisa do Lar Doméstico: morta ou viva está preza à união monogâmica." Pag. 101 parágrafo terceiro

Comentário: Ela não está presa : a monogamia é a conseqüência natural de um amor entre os cônjuges, que os faz incompatíveis com qualquer outra ligação conjugal, mesmo depois que um deles morra, ou melhor , se transforme de objetivo em subjetivo. A monogamia será uma das conseqüências naturais do pleno desenvolvimento e maximizacao da capacidade humana de amar em toda a sua intensidade; não é um artificialismo, sendo notado inclusive em outras espécies de animais - A Cegonha e o Cisne, o par é eterno.

11) " Os proletários são chamados a um "armistício" com os ricos."

Pag. 101 - parágrafo terceiro

Comentário : Não é armistício, não é trégua, é um regimen de verdadeira paz entre empregados e empregadores, entre pobres e ricos. Segundo o princípio estabelecido por Aristóteles, que é a base de toda a organização social humana; separação dos ofícios e convergência dos esforços.

12) "Naturalmente a escolha deste Clero far-se-à entre as populações do Oriente( houve aqui um erro de impressão ou de tradução, pois a intenção do autor deste capítulo, foi a de caracterizar o Positivismo como uma doutrina Ocidentalista), especialmente de França, em virtude de um banal etnocentrismo ocidental". Pag.102 - parágrafo primeiro

Comentário: Não se trata de " ocidentalizar o oriente" mas de terrestrizar a ambos, o ocidente e o oriente, fazendo com que a noção de conjunto prepondere sobre a noção das partes que constituem este conjunto. Augusto Comte foi um dos primeiros filósofos a apontar a importância lógica, e o alto valor moral da filosofia oriental, em particular a Chinesa. Um interessante trabalho de Pierre Laffitte, seu discípulo direto, mostra-nos as grandes virtudes sociais dos filósofos chineses, primordialmente Confúcio. Nesta mesma linha de conduta , Miguel Lemos e Teixeira Mendes contribuíram com seus manifestos , para evitar que os Empresários luso-brasileiros da época, importassem mão de obra chinesa para servir de escravos no Brasil. No calendário Positivista muitos são os vultos orientais.

13) " A análise da religião positivista coloca-nos uma vez mais perante as ambigüidades conteanas :(1) trata-se de uma racionalização do sagrado ou de uma sacralização do racional?(2) É restituição do arcaísmo ou fossilização do moderno?" Pag. 102 - parágrafo segundo

Comentário: Eis-nos mais uma vez diante da incompreensão do autor deste capítulo. Primeiro supondo ambigüidades e depois apresentando seus questionamentos sob forma de dúvidas. Pelo menos esta última forma já aparece melhor caracterizada; e é fácil responder à elas: quanto à pergunta (1) temos: trata-se de ambas as coisas - pela filiação histórica combinamos tudo quanto o passado humano produziu em têrmos do conceito do sagrado; e, pelo estabelecimento da disciplina religiosa, em relação aos conhecimentos que formam a escada enciclopédica, o próprio domínio científico, por tanto tempo necessáriamente refratário à religião, torna-se enfim por ela sacralizado. Quanto à pergunta (2), temos que nenhuma das duas alternativas corresponde ao que de fato, o Positivismo propõe, não se trata nem de enxertar pura e simplesmente o passado no presente; e nem retrogradar o presente a qualquer outra época pretérita. Conservar melhorando, eis ai a grande chave para o aproveitamento sistemático do passado humano, estabelecendo, desta forma, a mais perfeita harmonia de todas as épocas da historia, assim como também de todas as épocas da nossa própria história individual.

14) " Os fiéis da religião positivista não tem acesso às verdades da ciência: contentam-se com aderir a crenças cujo o teor foi autoritariamente fixado pelos sacerdotes". Pag. 105 - parágrafo primeiro.

Comentário : Se cada geração houvesse de reproduzir os mesmos experimentos que seus anteriores, o progresso (este mesmo progresso, que o autor julga condenado pelo Positivismo) estagnaria; é preciso que haja fé nos resultados que os nossos antepassados chegaram; vide o trecho do Catecismo Positivista- Quarta Edição Apostólica -pag. 72-73- que trata deste assunto - Cultura dos Sacerdotes e dos Proletários, e o capítulo da Política Positiva -Tomo I - Eficácia Popular do Positivismo.

15) " A seita religiosa praticamente não conseguiu se propagar na França." Pag.107 - parágrafo quinto.

Comentário: O catolicismo só conseguiu firmar-se suficientemente após dois séculos de existência; e note-se , que a transformação do politeísmo em monoteísmo não se compara em grau de dificuldade à transformação que o Positivismo propõe, do estado teológico para o científico.

Durante aproximadamente 60 anos vigorou a propaganda positivista francesa (1857-1917), liderada primeiramente por Pierre Laffitte, em seguida por Charles Jeanolle e enfim por M. Saulnier, com a Revue Occidentale,de Pierre Laffitte e, paralelamente, com a Reveue Positiviste Internationale, de Èmile Corra.

Além de sabermos que há necessidade da Humanidade ter que passar por vários outros sabores e dissabores, até que alguns homens privilegiados, percebam a grandeza desta Doutrina, mas devido tecnológica da evolução da época, no que tange à comunicação e o grau de educação e instrução da Opinião Pública ; e principalmente as atenções estarem voltadas para os grandes feitos científicos e tecnológicos; os assuntos de sentimentos ficaram em segundo plano. Agora com uma massa populacional mais culta, mais instruída, e pouco mais educada, será possível uma retomada promocional, com uma apresentação adequado, mostrar ao mundo as verdades Positivistas

Aliás os franceses de hoje , isto é , os jovens necessitam lembrar os grandes feitos que os seus ancestrais realizaram para a Humanidade e deixar de se espelharem na Cultura Imperialista Capitalista Neo-liberal de hoje em dia, tão maléfica à Sociedade.

A teologia ainda é dominante, na França , e por outro lado os parisiences, em Paris, sao altamente orgulhosos e vaidosos, sentimento este mais egoista do que altruista.

16) " A revolução brasileira de 1881( erro na indicação do ano - na verdade foi em 1889), será obra das seitas positivistas". Pag. 108 - parágrafo primeiro.

Comentário; Em primeiro lugar não existem seitas positivistas ; os diversos esforços de sua difusão não só no Brasil como no Mundo, provieram de individuos que aceitaram a doutrina como um Todo; no entanto, por n fatores, sentiram-se mais à vontade para propagar preferencialmente , ou o Culto ou o Dogma ou o Regimen. Na Inglaterra se propagou a Doutrina pelo Culto - na França, a propaganda centrou-se mais no Dogma , -no Chile acentuou-se mais no Regimen - no Brasil criou-se um ambiente de Culto, no Rio de Janeiro ,no entanto a propaganda oral propriamente dita baseou-se mais acentuadamente no Dogma,Culto e Regimen, com a leitura comentada do catecismo positivista; no entanto não foi posto em execuçao pública ainda, a Liturgia Positiva, elaborada por Teicxeira Mendes; havendo ainda uma tentativa de propaganda do Regimen, muito mais tarde com a açao do Clube Positivista.- No Rio Grande do Sul tendeu-se mais para o Regimen, com a Constituição Positivista - Júlio Prates de Castilhos - e no Paraná, a propaganda foi maximizada no Dogma - pelo Sr. David Carneiro. Estas instituições ainda encontram- se em atividade. Aqueles que se aproximaram mais da homogeneidade da Doutrina Positivista, no Brasil foi o Apostolado de Miguel Lemos e Teixeira Mendes - Falta-nos ainda informações suficientes para caracterizar os esforços da propaganda positivista, no México com o Senhor Augustin Aragon e seu sucessor senhor Barreda , influenciado por Pierre Laffitte; na Índia, com Jogendra Chandra Gosh; na Suécia com Anton Nystron, mais para o lado político trabalhista, onde foi Ministro do trabalho; no Japão com Ikutaro Shimizo- mais Dogma; nos USA com Henry Edger e John Metcalf - mais pelo lado do Culto com o estabelecimento de uma comunidade rural positivista - Modern Times .

Em segundo lugar, a Doutrina positivista como já dissemos é orgânica, construtiva, evolutiva e global, portanto não pode aceitar a revolução. Jamais o Apostolado Positivista do Brasil apoiou qualquer tentativa de revolta militar, ou, qualquer outro tipo de revolução. Uma vez constatado o fato de uma revolução, já ocorrida, a influência positivista permanece inalterada; os conselhos que o positivismo propõem aos lideres políticos são sempre essencialmente os mesmos, quer eles sejam líderes monárquicos, quer sejam tiranos, quer sejam ditadores revolucionários, quer sejam Presidentes de repúblicas democráticas ou sociocráticas; pois em todos estes casos o papel social que eles precisarão exercer é também essencialmente o mesmo. Isto não obsta que sejamos contrários às monarquias, às tiranias, as repúblicas Retrogradas e Metafísico Democráticas Presidenciais e Parlamentares. Tal incompreensão do modo de influência sobre a política é fruto do impirísmo político , que não sabe discernir entre a circunstância assessória da tomada do poder, e o modo de Coordená-lo. A Visão Impírica, da visão Sistemática -Na visão empírica, a ação pessoal do político é sacrificada à forma pela qual ele chega ao poder- na visão sistemática concebe-se nitidamente o papel que cabe no organismo social ao Chefe Temporal ; e a possibilidade efetiva deste homem guiar-se pela doutrina positiva , é mais importante que quaisquer considerações secundárias sobre a forma pela qual ele tenha obtido acesso ao Poder. O seu verdadeiro poder, como em todos os demais casos, só é efetivo quando ele está irmanado ao conjunto das Leis Naturais, que regulam a Ordem e o Progresso da Sociedade Humana.

Teixeira Mendes aconselhou que D. Pedro II, abolisse o regimen monárquico e instituísse a República Presidencialista e simultaneamente se candidata-se a Presidente do novo regimen; se tal conselho houvesse sido seguido o Brasil teria passado por uma transição evolucionária, plenamente continua e orgânica.

Mas afinal, encontramos também algo de muito positivo (sem trocadilhos) neste livro : um ponto chave que prenuncia, a nosso ver, um avanço na capacidade de compreender o pensamento de Augusto Comte: o autor não o considera " cientificista" ; como o faz a quase totalidade dos demais estudiosos acadêmicos; muito ao contrario mostra-se perplexo ante a leitura da síntese subjetiva; sem dúvida, sua espectativa era encontrar aí o mais bem acabado exemplo de matematicismo materialista; uma arrogante e ingênua tentativa de explicar tudo por meio de números e de equações ; o autor desapontado por não encontrar nada que justificasse este tipo de critica , parte então para o extremo oposto ; eis suas própria s palavras: " Surpreende-nos em primeiro lugar a estreiteza desta matemática em estado de caquexia teórica a qual Comte inflige um regimen de abstinência com receio de a sobrealimentar de idéias".

E pensar que durante tantos e tantos anos o"Positivismo" era praticamente sinônimo de "algebrísmo" ? Quão desencontradas são sempre as apreciações acadêmicas sobre a doutrina de Augusto Comte!

 

Nota: Não nos referimos aqui à interpretação distorcida que é dada hoje em dia, e que identifica a palavra esotérico com místico . O caráter esotérico ou exotérico diz respeito unicamente ao aspécto público ou secreto de quaisquer informações provenientes de um determinado grupo fechado de iniciados. Como por exemplo os pitagóricos da Grécia antiga.